quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Projeto PIBID Artes Plásticas e Visuais – E.M.E.F Jardelino Ramos

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
PIBID-UCS – SUBPROJETO ARTES VISUAIS
PROJETO PIBID ARTES PLÁSTICAS E VISUAIS – Grupo 1

Coordenadora de área: Maria Helena Wagner Rossi – mhwrossi@ucs.br
Supervisora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Jardelino Ramos: Alessandra Baldissarelli – alebaldissarelli@gmail.com
Bolsistas: Amanda Rodrigues da Rocha, Caroline Spigosso, Gelson da Silva Soares, Joseara Maino Carvalho e Laura Smiderle.


Título

Artes Visuais na Cidade como Educadora

Justificativa

[...] a cidade precisa ser compreendida como território vivo, permanentemente concebido, reconhecido e produzido pelos sujeitos que a habitam. É preciso associar a escola ao conceito de cidade educadora, pois a cidade, no seu conjunto, oferecerá intencionalmente às novas gerações experiências contínuas e significativas em todas as esferas e temas da vida (MOLL, 2009, p. 15).
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Jardelino Ramos atualmente possui 381 alunos da educação infantil ao 9º ano. Sua primeira sede era uma pequena casa que, atualmente, é a Sala de Arte. Sendo assim, ao reconhecer a importância desse espaço para a escola, percebemos a necessidade de chamar a atenção dos alunos para essa história, relacionando com o desenvolvimento do bairro e da cidade de Caxias do Sul.
Nesse contexto, é importante que os alunos tenham a dimensão da cidade crescendo em torno da escola, para posteriormente terem um outro olhar sobre a arte sendo incluída em seu cotidiano.
Pensando nisso, nos questionamos acerca da quantidade de alunos que não usufruem ou não se percebem como integrantes da cultura local, desconhecendo os aspectos artísticos e histórico-culturais da cidade como um todo. As primeiras ideias surgiram ao constatarmos que os alunos precisariam conhecer artistas e espaços de arte que existem na sua própria cidade para que entendessem que a arte transforma o lugar onde vivem e a eles próprios.
Segundo Florêncio et al:
É preciso considerar o Patrimônio Cultural como tema transversal, interdisciplinar e/ou transdisciplinar, ato essencial ao processo educativo para potencializar o uso dos espaços públicos e comunitários como espaços formativos (2014, p. 27).
É preciso valorizar a cultura como processo de produção de sentidos para resgatar a memória individual e coletiva, pois a memória individual existe sempre a partir de uma memória coletiva, que é constituída no interior de um grupo. Segundo Halbwachs “A memória apoia-se sobre o 'passado vivido', o qual permite a constituição de uma narrativa sobre o passado do sujeito de forma viva e natural” (2004, p. 75). A partir disso, entende-se que a memória coletiva seleciona no passado o que é importante para o indivíduo e para coletividade, organizando e orientando este material segundo a sua importância em um sistema de valores inquestionáveis.
Assim, é importante recuperar a história da cidade e de cada aluno como cidadão integrante deste contexto. Caxias do Sul foi colonizada inicialmente por imigrantes italianos e com o passar do tempo, outras culturas se integraram, mesclando identidades e valores.
Durante muito tempo, nas listas de chamada das escolas, os sobrenomes que constavam eram basicamente italianos. De alguns anos para cá é possível ver uma mudança neste aspecto, pois houve um aumento no número de estudantes de outras descendências. Isso evidencia como a cidade vem se transformando e recebendo pessoas de vários locais e culturas. Nesse contexto, faz-se necessário pensar a escola como espaço formativo em uma perspectiva intercultural. Ana Mae Barbosa afirma que: “[...] os termos ‘Multicultural’ e ‘Pluricultural’ significam a coexistência e mútuo entendimento de diferentes culturas na mesma sociedade, e o termo intercultural significa interação entre as diversas culturas” (1998, p. 14).
Analisando essas concepções, temos a escola como lugar de reflexão, onde crianças e adolescentes devem aprender a respeitar e conviver com diferentes culturas que constituem o seu contexto. Além disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais abordam a educação patrimonial em seus objetivos da disciplina Arte no Ensino Fundamental, tais como:
Compreender e saber identificar a arte como fato histórico contextualizado nas diversas culturas, conhecendo respeitando e podendo observar as produções presentes no entorno, assim como as demais do patrimônio cultural e do universo natural, identificando a existência de diferenças nos padrões artísticos e estéticos (MEC-SEF, 1997, p. 39).
Além dos conceitos já mencionados, abordaremos a cidade como um espaço de educação constante. Sabemos que tem muito a oferecer a seus habitantes, porém precisamos despertar esta percepção nos alunos para que aprendam com ela.
O conhecimento encontra-se latente no espaço da cidade. Entretanto, ele não se efetiva sem ser explorado, necessitando de ações para a aprendizagem. Como diz Faria:
Qualquer espaço pode se tornar um espaço educativo, desde que um grupo de pessoas dele se aproprie, dando-lhe este caráter positivo, tirando-lhe o caráter negativo da passividade e transformando-o num instrumento ativo e dinâmico da ação de seus participantes (2010, p. 29).
O reconhecimento da natureza educadora da cidade é importante para a preservação de sua memória. Reconhecer-se como parte dela é exercer também a cidadania.

Objetivo Geral

Trabalhar conceitos como identidade, pertencimento, memória, culturas, patrimônio artístico-cultural e artes visuais no contexto da cidade como educadora e reconhecer-se como sujeito que constitui sua cultura e por ela é constituído.

Objetivos Específicos

  • Reconhecer-se como sujeito partícipe do processo de formação cultural.
  • Refletir sobre a construção de sua identidade.
  • Reconhecer-se como sujeito cultural.
  • Conhecer o patrimônio artístico-cultural da cidade com ênfase nas artes plásticas.
  • Multiplicar e difundir o conhecimento sobre o patrimônio artístico-cultural da cidade.
  • Desenvolver o pensamento estético.
  • Ampliar suas possibilidades de produzir arte de maneira contextualizada.
  • Apreciar e criar de maneira reflexiva com relação ao mundo.

Metodologia
As ações desenvolvidas neste projeto se fundamentam na proposta Zig-Zag elaborada por Ana Mae Barbosa a partir da abordagem triangular. Nessa metodologia a contextualização assume um lugar de destaque servindo de vínculo com outras áreas do conhecimento e com o universo do aluno. É a metodologia que melhor se adequa às necessidades observadas. Segundo a autora:
Hoje a metáfora do triângulo já não corresponde mais à sua estrutura. Nos parece mais adequado representá-la pela figura do zig-zag, pois os professores nos têm ensinado o valor da contextualização tanto para o fazer como para o ver. O processo pode tomar diferentes caminhos, contexto/ fazer/ contexto/ ver ou ver/ contextualizar/ fazer/ contextualizar ou ainda fazer contextualizar/ ver/ contextualizar. Assim o contexto se torna mediador e propositor, dependendo da natureza das obras, do momento e do tempo de aproximação do fruidor, enfim, da unidade “subjetil” (sujeito + objeto) (Ib. 2006, p. 8).
Para atingir os objetivos propostos serão realizadas atividades de leitura de imagens e de obras, pois ajudarão a desenvolver o pensamento crítico e reflexivo do aluno perante a sua realidade. Além disso, serão promovidas visitas a espaços artístico-culturais que o insiram no mundo da arte e em um ambiente que não é usualmente frequentado por ele.
Serão estimulados debates acerca do objeto de estudo providos de temas recorrentes na comunidade (escola, bairro e cidade). Após os debates, se dará o desenvolvimento de projetos que possibilitem a reflexão sobre identidade, memória e patrimônio artístico-cultural.
Por fim, serão elaboradas atividades práticas que possam provocar o aluno a utilizar o conhecimento construído.
O projeto terá a duração de dois anos, por isso a metodologia será revista conforme o andamento das atividades tendo em vista o cumprimento dos objetivos previstos.

Avaliação

Tendo em vista um processo constante de reflexão, a avaliação será realizada a partir das observações, produções, diálogos, leituras e visitas mediadas, analisando se os objetivos do projeto foram alcançados.
Para isso, serão feitos relatórios sobre as atividades desenvolvidas na escola, com o objetivo de analisar e refletir sobre os processos e retornos dos alunos. Ao mesmo tempo em que avaliaremos a resposta do aluno, estaremos avaliando a adequação do próprio projeto, sendo passível de mudanças de acordo com necessidades que poderão surgir.

Referências
BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: Ed. C/ Arte, 1998.
______. ZIG/ZAG, Arte/Educação e mediação. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE ARTE E EDUCAÇÃO, 20, 2006, Montenegro. Anais... Montenegro: Editora da FUNDARTE, 2006.
FARIA, Ana Beatriz Goulart de. Territórios educativos para a educação integral: a reinvenção pedagógica dos espaços e tempos da escola e da cidade. Disponível em: <http://educacaointegral.org.br/wp-content/uploads/2014/04/territorioseducativos.pdf> Acesso em 5 de junho de 2014.
FLORÊNCIO, Sônia Rampim et al. Educação patrimonial: histórico, conceitos e processos. 2014. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/baixaFcdAnexo.do?id=4240> Acesso em 01 setembro de 2014.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Ed. Centauro, 2004.
MOLL, Jaqueline. Um paradigma contemporâneo para a educação integral. In: Pátio: revista pedagógica, Porto Alegre, v. 8, n. 51, ago./out. 2009.
POSSAMAI, Zita Rosane. Cidade: escritas da memória, leituras da história. In: POSSAMAI, Zita Rosane (org.). Leituras da cidade. Porto Alegre: Evangraf, 2010. p. 209-219.