UNIVERSIDADE
DE CAXIAS DO SUL
PIBID-UCS
– SUBPROJETO ARTES VISUAIS
PROJETO
PIBID ARTES PLÁSTICAS E VISUAIS – Grupo 1
Coordenadora de área: Maria Helena Wagner
Rossi – mhwrossi@ucs.br
Supervisora da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Jardelino Ramos: Alessandra Baldissarelli –
alebaldissarelli@gmail.com
Bolsistas: Amanda Rodrigues da Rocha,
Caroline Spigosso, Gelson da Silva Soares, Joseara Maino Carvalho e
Laura Smiderle.
Título
Artes
Visuais na Cidade como Educadora
Justificativa
[...]
a cidade precisa ser compreendida como território vivo,
permanentemente concebido, reconhecido e produzido pelos sujeitos que
a habitam. É preciso associar a escola ao conceito de cidade
educadora, pois a cidade, no seu conjunto, oferecerá
intencionalmente às novas gerações experiências contínuas e
significativas em todas as esferas e temas da vida (MOLL, 2009, p.
15).
A
Escola Municipal de Ensino
Fundamental Jardelino Ramos atualmente possui 381 alunos da educação
infantil ao 9º ano. Sua primeira sede era uma pequena casa que,
atualmente, é a Sala de Arte. Sendo assim,
ao reconhecer a importância desse espaço para a escola, percebemos
a necessidade de chamar a atenção dos alunos para essa história,
relacionando com o desenvolvimento do bairro e da cidade de Caxias do
Sul.
Nesse
contexto, é importante que os alunos tenham a dimensão da cidade
crescendo em torno da escola, para posteriormente terem um outro
olhar sobre a arte sendo incluída em seu cotidiano.
Pensando
nisso, nos questionamos acerca da quantidade de alunos que não
usufruem ou não se percebem como integrantes da cultura local,
desconhecendo os aspectos artísticos e histórico-culturais da
cidade como um todo. As primeiras ideias surgiram ao constatarmos que
os alunos precisariam conhecer artistas e espaços de arte que
existem na sua própria cidade para que entendessem que a arte
transforma o lugar onde vivem e a eles próprios.
Segundo
Florêncio et al:
É
preciso considerar o Patrimônio Cultural como tema transversal,
interdisciplinar e/ou transdisciplinar, ato essencial ao processo
educativo para potencializar o uso dos espaços públicos e
comunitários como espaços formativos (2014, p. 27).
É
preciso valorizar a cultura como processo de produção de sentidos
para resgatar a memória individual e coletiva, pois a memória
individual existe sempre a partir de uma memória coletiva, que é
constituída no interior de um grupo. Segundo Halbwachs
“A
memória apoia-se sobre o 'passado vivido', o qual permite a
constituição de uma narrativa sobre o passado do sujeito de forma
viva e natural” (2004,
p. 75). A partir disso, entende-se que a memória coletiva seleciona
no passado o que é importante para o indivíduo e para coletividade,
organizando e orientando este material segundo a sua importância em
um sistema de valores inquestionáveis.
Assim,
é importante recuperar a história da cidade e de cada
aluno como cidadão integrante deste contexto. Caxias do Sul foi
colonizada inicialmente por imigrantes italianos e com o passar do
tempo, outras culturas se integraram, mesclando identidades e
valores.
Durante
muito tempo, nas listas de chamada das escolas, os sobrenomes que
constavam eram basicamente italianos. De alguns anos para cá é
possível ver uma mudança neste aspecto, pois houve um aumento no
número de estudantes de outras descendências. Isso evidencia como a
cidade vem se transformando e recebendo pessoas de vários locais e
culturas. Nesse contexto, faz-se necessário pensar a escola como
espaço formativo em uma perspectiva intercultural. Ana Mae Barbosa
afirma que: “[...] os termos ‘Multicultural’ e ‘Pluricultural’
significam a coexistência e mútuo entendimento de diferentes
culturas na mesma sociedade, e o termo intercultural significa
interação entre as diversas culturas” (1998,
p. 14).
Analisando
essas concepções, temos a escola como lugar de reflexão, onde
crianças e adolescentes devem aprender a respeitar e conviver com
diferentes culturas que constituem o seu contexto. Além disso, os
Parâmetros Curriculares Nacionais abordam a educação patrimonial
em seus objetivos da disciplina Arte no Ensino Fundamental, tais
como:
Compreender
e saber identificar a arte como fato histórico contextualizado nas
diversas culturas, conhecendo respeitando e podendo observar as
produções presentes no entorno, assim como as demais do patrimônio
cultural e do universo natural, identificando a existência de
diferenças nos padrões artísticos e estéticos (MEC-SEF,
1997, p. 39).
Além
dos conceitos já mencionados, abordaremos a cidade como um espaço
de educação constante. Sabemos que tem muito a oferecer a seus
habitantes, porém precisamos despertar esta percepção nos alunos
para que aprendam com ela.
O
conhecimento encontra-se latente no espaço da cidade. Entretanto,
ele não se efetiva sem ser explorado, necessitando de ações para a
aprendizagem. Como diz Faria:
Qualquer
espaço pode se tornar um espaço educativo, desde que um grupo de
pessoas dele se aproprie, dando-lhe este caráter positivo,
tirando-lhe o caráter negativo da passividade e transformando-o num
instrumento ativo e dinâmico da ação de seus participantes (2010,
p. 29).
O
reconhecimento da natureza educadora da cidade é importante para a
preservação de sua memória. Reconhecer-se como parte dela é
exercer também a cidadania.
Objetivo
Geral
Trabalhar
conceitos como identidade, pertencimento, memória, culturas,
patrimônio
artístico-cultural e artes visuais no contexto da cidade como
educadora e reconhecer-se como sujeito que constitui sua cultura e
por ela é constituído.
Objetivos
Específicos
- Reconhecer-se como sujeito partícipe do processo de formação cultural.
- Refletir sobre a construção de sua identidade.
- Reconhecer-se como sujeito cultural.
- Conhecer o patrimônio artístico-cultural da cidade com ênfase nas artes plásticas.
- Multiplicar e difundir o conhecimento sobre o patrimônio artístico-cultural da cidade.
- Desenvolver o pensamento estético.
- Ampliar suas possibilidades de produzir arte de maneira contextualizada.
- Apreciar e criar de maneira reflexiva com relação ao mundo.
Metodologia
As
ações desenvolvidas neste projeto se fundamentam na proposta
Zig-Zag elaborada por Ana Mae Barbosa a partir da abordagem
triangular. Nessa metodologia a contextualização assume um lugar de
destaque servindo de vínculo com outras áreas do conhecimento e com
o universo do aluno. É a metodologia que melhor se adequa
às necessidades
observadas. Segundo a autora:
Hoje
a metáfora do triângulo já não corresponde mais à sua estrutura.
Nos parece mais adequado representá-la pela figura do zig-zag, pois
os professores nos têm ensinado o valor da contextualização tanto
para o fazer como para o ver. O processo pode tomar diferentes
caminhos, contexto/ fazer/ contexto/ ver ou ver/ contextualizar/
fazer/ contextualizar ou ainda fazer contextualizar/ ver/
contextualizar. Assim o contexto se torna mediador e propositor,
dependendo da natureza das obras, do momento e do tempo de
aproximação do fruidor, enfim, da unidade “subjetil”
(sujeito + objeto) (Ib. 2006, p. 8).
Para
atingir os objetivos propostos serão realizadas atividades de
leitura de imagens e
de obras, pois ajudarão a desenvolver o pensamento crítico e
reflexivo do aluno perante a sua realidade. Além disso, serão
promovidas visitas a espaços artístico-culturais
que o insiram no mundo da arte e em um ambiente que não é
usualmente frequentado por ele.
Serão
estimulados debates acerca do objeto de estudo providos de temas
recorrentes na comunidade (escola, bairro e cidade). Após os
debates, se dará o desenvolvimento de projetos que possibilitem a
reflexão sobre identidade, memória e patrimônio
artístico-cultural.
Por
fim, serão elaboradas atividades práticas que possam provocar o
aluno a utilizar o conhecimento construído.
O
projeto terá a duração de dois anos, por isso a metodologia será
revista conforme o andamento das atividades tendo em vista o
cumprimento dos objetivos previstos.
Avaliação
Tendo
em vista um processo constante de reflexão, a avaliação será
realizada a partir das observações, produções, diálogos,
leituras e visitas mediadas, analisando se os objetivos do projeto
foram alcançados.
Para
isso, serão feitos relatórios sobre as atividades desenvolvidas na
escola, com o objetivo de analisar e refletir sobre os processos e
retornos dos alunos. Ao mesmo tempo em que avaliaremos a resposta do
aluno, estaremos avaliando a adequação do próprio projeto, sendo
passível de mudanças de acordo com necessidades que poderão
surgir.
Referências
BARBOSA,
Ana Mae. Tópicos
utópicos.
Belo Horizonte: Ed. C/ Arte, 1998.
______.
ZIG/ZAG, Arte/Educação e mediação. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE
ARTE E EDUCAÇÃO, 20, 2006, Montenegro. Anais...
Montenegro: Editora da FUNDARTE, 2006.
FARIA, Ana
Beatriz Goulart de. Territórios
educativos para a educação integral:
a reinvenção pedagógica dos espaços e tempos da escola e da
cidade. Disponível em:
<http://educacaointegral.org.br/wp-content/uploads/2014/04/territorioseducativos.pdf>
Acesso em 5 de junho de 2014.
FLORÊNCIO,
Sônia Rampim et al. Educação
patrimonial: histórico,
conceitos e processos. 2014. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/baixaFcdAnexo.do?id=4240> Acesso em
01 setembro de 2014.
HALBWACHS,
Maurice. A
memória coletiva.
São Paulo: Ed. Centauro, 2004.
MOLL,
Jaqueline.
Um
paradigma contemporâneo para a educação integral. In: Pátio:
revista pedagógica, Porto Alegre, v. 8, n. 51, ago./out. 2009.
POSSAMAI,
Zita Rosane.
Cidade: escritas da memória, leituras da história. In: POSSAMAI,
Zita Rosane (org.). Leituras
da cidade. Porto
Alegre: Evangraf, 2010. p. 209-219.